Maria Inês Delorme
Interatividade é um termo que permanece sendo usado com muita freqüência, nos últimos anos e, também, nos mais variados discursos quando há uma intenção comercial voltada para vender idéias, produtos e criar demandas. Ao adjetivar algo, o termo interativo sugere que você, cidadão comum de qualquer idade, poderá agir sobre, fazer com e/ou, ainda, interferir, modificar e até mesmo transformar. Mas nem sempre é assim que acontece.
O termo interativo, de inter atuar, remete a um conceito bem mais complexo do que parece e, para incitar a reflexão, basta nos determos no prefixo inter, que antecede uma ação ou atividade (agir, atuar). Neste viés, algumas questões emergem e exigem dos adultos e educadores uma reflexão mais cuidadosa.
No momento, por exemplo, no mágico mundo da fantasia e do consumo chamado Disneyworld, há uma interatividade negociada em muitas atrações que vem encantando americanos e turistas do mundo todo. Há situações em que interagir significa escolher, por meio de notas, o American Idol, alguém com mais de 18 anos, oriundo da platéia do dia. O visitante também pode ajudar a lançar água nas pessoas que descem as corredeiras, mesmo que estejam supostamente fora do brinquedo e da brincadeira, basta ter uma moeda de 25 cents no bolso.
Há, também, a possibilidade do visitante fazer escolhas sobre a vida que deseja ter no futuro, mais ou menos sustentável. Neste caso, a interatividade consiste em ser filmado sem perceber e, ao final, ser surpreendido por um curto vídeo em que você e seu par, ou quem estava do seu lado no banco duplo, tornam-se os protagonistas, tendo seus rostos colados em corpos pré-fabricados para ver as suas escolhas realizadas na tela, no monitor. O patrocinador e a Siemens, reduzindo o conceito de interatividade, convidam os protagonistas ainda sob o efeito da surpresa, a enviar dali mesmo, por email, o vídeo interativo para seus amigos prediletos e também para si mesmo.
Sem que seja possível ou desejável encerrar esta polêmica discussão, precisamos entender, observando e ouvindo as crianças, os novos brinquedos e brincadeiras interativos que estão por vir. Aguardem, há mais novidade na boca do forno. Até o natal devera chegar ao Brasil, e ao resto do mundo, uma boneca que mama na sua mamãe. Não é preciso alarde nem surpresa porque as filhas (reais ou ficcionais) sempre mamaram no seio de suas mães. Será que para garantir a interatividade o brinquedo tem o dever de se aproximar, cada vez mais, do que entendemos por realidade?
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