Marilena Rescala
Até a próxima quinta-feira, dia 17, o mundo acompanha a COP 15 - Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas, realizada em Copenhague, Dinamarca. Vários países estão representados pelos seus líderes e respectivas comitivas. E lá, também, a mídia está presente durante todo o evento, dando a importância e o destaque que a situação ambiental mundial merece. Mas ainda neste mês, já começam os preparativos e comemorações das festas de fim de ano. Pelo menos por aqui, essa época ocupa parte significativa do tempo, não apenas daqueles que se dedicam aos festejos. As escolas nessa altura, já estão em processo de encerramento do seu ano letivo e qualquer possibilidade de discussão sobre o conteúdo e relevância da COP 15, só em 2010, no recomeço do ano escolar.
Após o evento, a grande mídia, por sua vez, já estará envolvida com outras questões e novos assuntos ocuparão suas agendas. A questão climática deverá ser tema esgotado! E assim, tudo voltará ao “normal”, antes mesmo que o ano termine. Exagero? Em geral, é desta forma que os assuntos são tratados pela mídia. Hoje, por exemplo, data de abertura da Conferência, o destaque do jornal O Globo, inclusive com um caderno dedicado ao esporte, foi à final do campeonato de futebol.
É, portanto, de se esperar, que a reunião de Copenhague desperte o interesse de poucos. Para aqueles que estão comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e um mundo ambientalmente sustentável, as atenções estarão, naturalmente, voltadas para o evento e seus desdobramentos. Para outros poucos, bastarão os noticiários diários. No entanto, para a maioria, o alerta mundial para a necessidade e urgência de mudanças, certamente terá quase nenhum significado.
Ao mesmo tempo, sabe-se que mudar hábitos de consumo, bem como sistemas e tecnologias de produção, representam melhorias na qualidade ambiental, promoção da saúde e, simultaneamente, redução do aquecimento global. É a sustentabilidade não mais como retórica, na prática, e tratada como um valor universal.
Como a educação e os meios de comunicação podem tornar-se estratégicos na promoção da visão da sustentabilidade como um valor a ser alcançado pela sociedade?
Ambos têm o privilégio de cotidianamente “dialogar”, dentro das suas especificidades, com parcelas significativas da população. Na escola, esse diálogo se expressa na pluralidade das relações de ensino. No entanto, não basta a ela organizar e sistematizar o conhecimento, por exemplo, sobre as mudanças climáticas. É preciso mais. Esse conhecimento deve gerar significado para o aluno e, assim, se constituir em aprendizagem. O processo de busca de significado para o seu público pode ser estendido também à mídia.
O desafio está posto aos professores e profissionais da mídia. Utilizando meios e métodos distintos, propor à sociedade uma agenda comum com foco na sustentabilidade e o compromisso de investir no processo de mudanças, tão urgentes e necessárias.
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