terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Alertas necessários sobre Educação e Mídia


Regina de Assis

Um dos erros mais sérios na gestão de recursos humanos e materiais - para a introdução do uso de mídias em ambientes educacionais - é o de substituir os Professores , por especialistas ou técnicos, com a desculpa de que estes “sabem “ o que fazer com os produtos de mídia e seus suportes e aqueles não.

Já há alguns anos estabeleceu-se um debate sobre a questão, que em alguns países é qualificada equivocadamente como “alfabetização para a mídia" (media literacy). O equívoco pode ser considerado, na verdade, um erro conceitual , pois assim como é muito mais desagradável aprender a ler e escrever decorando primeiro o alfabeto - as letras - ao invés de ouvir narrativas e ver o texto com gravuras, captando assim seu sentido, seria também igualmente aversivo aprender a lidar com os computadores, e outros aparelhos de mídia, com uma aproximação mais técnica do que de experimentação e fruição.

Aliás crianças e adolescentes, que ainda têm uma atitude lúdica bastante aguçada, rapidamente aprendem a lidar com os suportes de mídia digital, audio/visual e impressa, pois o que desejam é divertir-se e descobrir as particularidades de uso destas linguagens. Assim, lidar com professores sem criar oportunidades de fruição das linguagens de mídia é um erro que trará consequencias bastante indesejáveis.

Isto porque, quem tem o mandato e a habilitação para educar em ambientes escolarizados, desde a Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental e Médio são os Professores, que trabalham, no mínimo, 200 dias letivos por ano com turmas de até quarenta alunos. Assim, como têm a responsabilidade de estar atualizados a respeito dos conteúdos que ensinam e dos valores que constituem com seus alunos, faz parte de suas tarefas conhecer e saber lidar com o que as linguagens audio/visuais, digitais e impressas podem oferecer, ao serem integradas às práticas pedagógicas.

Só a ignorância e, infelizmente, a irresponsabilidade de alguns gestores de sistemas educacionais, principalmente os públicos, onde estuda a maioria da população, pode explicar o grave erro de substituir Professores formados nas universidades ou cursos superiores credenciados - por técnicos ou “especialistas" no uso de mídias - sem nenhum vínculo pedagógico com os estudantes.

Além de privar os mestres e alunos de um direito próprio de acesso, com qualidade, ao uso das linguagens de mídia, integradas aos projetos político-pedagógicos das escolas, adia-se a atualização da educação, que tem a obrigação de estar sintonizada com as linguagens de mídia, e sua ampla possibilidade de integração às práticas pedagógicas, tornando-as mais interessantes, lúdicas e proveitosas .

Tanto as Universidades, quanto as Secretarias Municipais e Estaduais de Educação brasileiras, têm a grande responsabilidade e a dívida com a sociedade, de criar estratégias contemporâneas , que integrem o estudo da educação para a mídia a seus currículos, como à atualização de professores em serviço. Há algumas iniciativas pioneiras criadas no âmbito dos Sistemas Públicos de Ensino no Brasil, que não podem e não devem ser interrompidas, a cada mudança de governo.

Improvisar gestores, que desconhecem ou desprezam aquelas iniciativas nas áreas de Educação e Mídia, principalmente no Sistema Público, é um erro que os políticos brasileiros não podem mais cometer, sob risco de serem responsabilizados legalmente pelo retrocesso ou pela omissão e serem penalizados nas urnas eleitorais.

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